quarta-feira, 4 de março de 2009

Alejo Muniz: a evolução do surf brasileiro.

 

Alejo Muniz escolheu o Brasil. Alejo Muniz escolheu o surf. E escolheu a evolução. Das ondas, de seu surf e de si mesmo.

“ Quando eu tinha 1 ano de idade meu pai me trouxe para o Brasil, para viver perto da Praia e não num lugar tão frio. Ele já conhecia o Brasil e trouxe a família toda pra Bombinhas.

Alejo é considerado uma das grandes promessas do surf nova geração. Mistura estilo e agressividade, capazes de vencer um Top 10 numa bateria “homem-a-homem” do Circuito Mundial.

Numa época de Mineirinho Top 10, o Brasil se impõe como uma das grandes forças do surf mundial, com diversos atletas disputando campeonatos internacionais e se destacando cada vez mais. Bons resultados aparecem em diversas categorias, desde feminino até mirim, passando pelas de base. O time brasileiro vem com tudo.

E Alejo é a cara do surf nacional. Alejo Muniz é a evolução.

“A primeira vez que eu surfei eu tinha uns 5 anos, foi na Praia de 4 Ilhas em Bombinhas. Eu lembro até que o meu pai me empurrou na primeira onda e eu já fiquei em pé! Fui indo com a mão na borda, reto até o final... Quando eu sai da água, lembro que fui falar com a minha mãe... mãe! Você viu que eu fiquei em pé na onda? E ela... é, mas eu acho que os surfistas tiram as duas mãos da prancha... (risos). Foi aí que tudo começou.”

Começou cedo, ficou em pé de primeira e tudo aconteceu muito rápido. Em maio deste ano, Alejo foi campeão do Mundial da ISA, na Categoria Junior, em Hosegoor, na França, surfando contra as equipes das principais potências do surf internacional. Vitória que lhe rendeu um convite para disputar a etapa brasileira do ASP Dream World Tour, realizado em Imbituba.

“Foi o melhor ano da minha carreira até hoje. Consegui um título mundial na França, venci uma etapa do Mundial Pró Junior aqui no Brasil, fiquei em segundo no Ranking sul-americano... agora ter sido convidado pro WCT e ainda consegui vencer um Top 10! É o melhor ano da minha carreira. É o melhor ano da minha vida!”

O surf de Alejo Muniz é de gente grande. Fica devendo aos Tops só pela pouca experiência. Mas Alejo viaja o mundo competindo e surfando as melhores ondas, que aprimoram e elevam cada vez mais o nível do seu surf. Começou a surfar numa praia do sul do Brasil, e hoje quebras nos picos dos sonhos de qualquer surfista. Mas guarda as lembranças da primeira prancha.

“Meu pai achou uma prancha na rua, um tocão velho...(risos). Ele deu para um shaper, o Erick, um shaper lá de Bombinhas, foi até a primeira prancha que o cara fez. Deste tocão ele fez uma pranchinha pequenininha pra mim, laminou, fez um desenho de uma águia, com uns fogos... Foi minha primeira prancha, eu tenho ela guardada até hoje!”

As pranchas evoluíram,o surf sofreu muitas transformações nas últimas décadas. Das monoquilhas e hot-dogs aos foguetinhos, os surfistas vivem a evolução em cada busca por um novo aéreo, uma manobra mais radical. Discute-se o futuro do surf, como esporte olímpico, passando por piscinas e fundos artificiais.

E Alejo é o futuro. Muita pressão para um menino? Não para ele.

“ Tem a pressão, com certeza, né... mas tem um lado bom que é o que faz você querer evoluir pra mostrar que tu pode... que vai conseguir ser tudo aquilo que as pessoas estão falando. Eu escuto sempre duas músicas antes das baterias. Uma é dos Aliados 13, que fala sobre auto-confiança... que você pode, que você vai conseguir, pra não ter medo de nada. E eu gosto muito de Linking Park também, que instiga pra surfar demais.”

Se espelha nos grandes, para que grande também seja a sua projeção.

“Eu gosto bastante do Kelly,né... com certeza. Mas meu surfista favorito é o Taj. No Brasil admiro bastante o Neco Padaratz e o Thiago Pereira. O pico que eu mais gosto é 4 Ilhas. Pra mim não existe onda melhor que aquela no mundo todo. Virei profissional no começo do ano passado e comecei a competir só Pró Jr e WQS, mas este ano tenho viajado pra surfar mais do que competido.”

E busca sempre o aprimoramento da sua condição física, da sua técnica e do seu surf.

“Quando eu estou no Brasil, faço sempre pilates e musculação... alongamento também. E surf, sempre, né... pra melhorar o meu rendimento. Eu me baseio nisso. Se eu não estou surfando, gosto muito de ficar em casa, com meus pais. Eu viajo muito, então gosto de curtir com minha família e meus amigos. Quando eu era menorzinho eu andava de skate, mas depois que eu me machuquei eu parei.”

Mas não parou de surfar. Começou como uma brincadeira. Virou profissão. E da profissão, ele faz a sua vida. E a busca por aperfeiçoamento, hoje leva Alejo a lugares mais altos.

“O surf começa sempre como uma brincadeira, né... depois que vem esse lado mais profissional. Mas eu não conseguiria mais abandonar essa vida de surfista. Não conseguiria parar numa escola, estudar, para me formar em alguma coisa... O surf é uma cultura diferente, é uma galera diferente dentro do mundo. É muito legal fazer parte disso. Só pelo jeito da galera falar, as nossas gírias... E o surf está crescendo, hoje é um dos esportes mais praticados do mundo e é bem legal fazer parte dessa evolução.”

Os pranchas evoluíram, o surf se transformou, mas a vibe continua a mesma. Só quem surfa que sabe, só quem surfa que sente. E isto nunca vai mudar.