terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Cada um no seu estilo

Prós contam qual tipo de música mais instiga antes de uma bateria.

 

A relação do esporte com a música já é bastante conhecida. Todo mundo sabe que a descarga de adrenalina liberada por uma música pode fazer milagres num momento crucial, como uma competição.

Direto dos bastidores do WQS Oakley Rio Pró International, os profissas contam qual a música que faz a cabeça deles antes das baterias.

Adriano Mineirinho:

“Gosto muito de Rap do Brasil, tipo Racionais, MV Bill. Eu adoro Rap, demonstra um pouco da nossa situação, do dia-a-dia. É bem legal isso do Rap...de conseguir demonstrar o dia-a-dia numa música.”

Messias Félix:

“ Pra dar aquela instigada eu escuto muita surf music, as músicas dos filmes de surf do Kelly, do Taj Burrow e do Mick Fanning... A música é legal, porque concentra no surf, não deixa você pensar em outras coisas. Agora eu estou ouvindo um trancezinho, por que tá muito frio aqui, e é bom dar uma instigada para a próxima bateria.”

Jihad Khodr:

“ Racionais é muito bom. Eles são os caras. Curto Sabotagem também.”

Pedro Henrique:

“ Geralmente eu ouço música de filme de surf, pra dar uma lembrada do filme...Antes da bateria eu gosto de um heavy-metal, bem pesado, pra dar vontade de quebrar tudo.”

Itim Silva:

“Antes da bateria, um heavy-metal, pra surfar bem, pra entrar instigado, tipo Incubus. Depois da batera é bom um reggaezinho,pra relaxar...Bob Marley sempre, é um clássico. Gosto de Natiruts também ou Dona Lêda, que é uma bandinha lá do Ceará muito boa.”

Jano Belo:

“ Tupac. Antes de entrar na água eu só ouço ele.”

Raoni Monteiro:

“ Quando eu estou devagar eu escuto um rock and roll, ou um eletrônico. Quando eu estou mais acelerado eu gosto de escutar mais um hip-hop, por causa da batida, tipo Tupac ou Charmillionaire...”

Adilton Mariano:

“ Eu gosto bastante de hardcore... Me amarro em punk rock também. Ouço sempre Mille Collin e Rodox.”

Simão Romão:

'Hip-hop sempre. Eu estou ouvindo Li'l Wayne, que minha bateria é a próxima... Ouve só...(fones no meu ouvido...toca "a Millie" rsrsrrs...Simão é o melhooor mesmooo" )...Mas ouço muito Racionais e Sabotagem também.”

 

 

Direto do Arpoador, Thaís Mureb.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Entrevista Exclusiva com CJ Hobgood

O Campeão Mundial fala de WCT, música, brasileiros e claro, surf.

Ceej

C.J. Hobgood é um surfista que dispensa apresentações. Bastante experiente no Tour, está fazendo em 2008 a sua décima temporada. Campeão do Billabong Pró, realizado em Mundaka, na Espanha, acumula ainda um terceiro lugar em Teahupoo, onde perdeu pro niteroiense Bruninho Santos, campeão do evento, e um segundo lugar, perdendo para seu grande amigo Kelly Slater na final, no Globe Pró Fiji.

Considerado um dos surfistas mais consistentes do Circuito, foi campeão em 2001, mas seu título é bastante contestado, pois neste ano, devido aos atentados de 11 de setembro, o Tour só teve 5 etapas. Mesmo assim Ceej, como é conhecido, é um dos principais nomes do surf mundial e bateu um papo exclusivo com a gente no WCT de Imbituba.

“Eu não sei se eu lembro da primeira vez que eu surfei...quer dizer... eu me lembro, mas não tenho certeza se foi a primeira vez, foi uma das primeiras... eu tinha uns seis anos. Mas eu lembro da minha primeira prancha... era uma lightboard, 6'2, gorda e muito grande para mim.(risos...). Eu lembro que era uma prancha preta e amarela. Foi minha primeira prancha! Era emocionante ser criança, surfar... e ter uma prancha! Eu me lembro bem desta sensação. A onda era cheinha e eu só conseguia ir reto, pela praia toda...ia reto... muito bom. Depois eu vi os surfistas e pensei... é... eu tenho que tentar fazer isso. (risos)”

Goofy-footer, ele fala da sua relação com o surf, além das competições e o que ele faz para manter essa fissura que traz tão bons resultados, mesmo depois de tantos anos.

“O free surf vem primeiro. É claro que tem os campeonatos e você tem que ir, mas tudo que eu faço é pelo free-surf. Eu nasci para o surf, eu viajo para o free-surf, eu procuro boas ondas pelo mundo que me permitam fazer o melhor surf possível, independente dos campeonatos.”

Ceej ainda fala de que forma isso o ajuda nas disputas, seja ajudando na evolução do seu desempenho ou como forma de aliviar a tão famosa pressão antes das bateras.

“É aonde eu aprimoro o meu surf, onde eu vejo que tipo de surf eu posso fazer, onde eu posso experimentar. E muitas vezes você até compete melhor se consegue pensar que está apenas fazendo um free-surf. Se você entra na bateria já sentindo... é tanta pressão de...ah..tenho que fazer isso ou aquilo...acaba sendo muito mais difícil. Faz com que você não consiga ir tão bem., ficar frustrado...A maioria das vezes que eu consigo apresentar o meu melhor em uma competição é quando acredito que é um free-surf. Então esse é o grande segredo. Conseguir manter isso dentro de você.”

Fala ainda sobre o que sente sobre competir no Brasil, onde sempre é muito bem recebido pelos fãs do seu estilo.

“ Sempre é divertido competir no Brasil. Às vezes as ondas estão melhores, outras nem tanto... Mas sempre me divirto muito, faço um bom surf e gosto bastante. Não sei... eu me sinto sortudo aqui. As pessoas gostam de surf, vêm à praia, torcem... É um clima muito bom aqui no Brasil!”

Bastante simpático, C. J. demonstra muita humildade ao falar dos surfistas brasileiros e ao admitir, que sim, presta atenção no surf deles e que gosta de ver os brasileiros surfando.

“ Eu sou um grande fã do Raoni Monteiro” fala Ceejeey sem desgrudar o olho da bateria do brasileiro, que despachava o aussie Adrian Buchan. “ Olha...aquela foi uma ótima onda!”, fala sobre uma esquerda do Raoni.

C.J Olha Raoni Ceej observa Raoni...

“ Ele é um garoto muito legal, muito cool. É muito bom em ondas grandes e nas pequenas também. E manda uns aéreos muito loucos. Sou muito fã também do Jihad, é um cara muito bom, gente boa e tem condições de ir melhor ainda, de se manter no Tour. O Pedro Henrique também é muito bom... São caras que eu respeito, que eu admiro e que vejo surfando...surfando o tempo todo...e eu gosto do que eu vejo.”

Raoni, super-feliz com a lembrança, devolve os elogios:

“Poxa, é mesmo?! Que maneiro! De um cara como esse?! É muito bem-vindo! O cara é Top, já foi campeão mundial... Legal pra caramba receber um elogio desse, fico amarradão. Por que eu estou fazendo o meu trabalho, estou correndo atrás... e estou surfando! Eu surfo do jeito que eu sei, faço o que sei, então o surf acaba fluindo naturalmente... E receber elogios como esse? É muito bem vindo mesmo!”

Sobre uma mania dos atletas, Ceej não foge à regra. Fala da sua relação com a música e de como ela que dita o ritmo de cada bateria, em cada competição, onde muitas vezes é o som que fica dentro da cabeça quando está dentro do mar.

“ Eu amo ouvir música. Você precisa de algo pra te levantar, pra te animar, que faça você competir melhor e fazer o seu melhor. A música consegue isso por que ela realmente te motiva, te deixa mais forte, principalmente quando as ondas estão muito grandes. É aquela coisa que te faz avançar, te põe pra cima e que faz você imaginar as ondas, as boas ondas...e ir com tudo. E eu amo música, estou sempre ouvindo, antes de cada bateria, eu ouço pra me animar. Outro dia eu esqueci meus headfones...quando eu percebi... Ai merda...não vou poder ouvir música...esqueci meus fones...o que eu vou fazer agora? (risos...)”

São os pequenos detalhes que fazem um campeão.

A preocupação com o que se sente antes das baterias, passando pelo que se pensa e o que se ouve.

A humildade de se saber um dos melhores surfistas da atualidade e ainda dispensar seu tempo para elogiar a outros.

A simples percepção de que o surf muitas vezes vai além do próprio surf. Por que é parte de algo muito maior, mais bonito e fundamental: a vida.

Esse é C. J. Hobgood.

Uma vida inteira dedicada ao surf.

E quantas tivesse assim seriam.

Direto da Praia da Vila, com exclusividade, Thaís Mureb.