quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Bernardo Pigmeu: filho de Fabinho Gouveia tem que ter estilo.



Bernardo Pigmeu está forte. Recuperado de uma malária, atleta fala sobre sua recuperação, sua vitória sobre Taylor Knox, o aussie Dyyan Neve e sobre sua participação no WCT.


É um surfista com um estilo bastante refinado e graças à isso e à uma enorme amizade, que inclusive o influenciou no surf, é considerado filho do “Fia” Fabinho Gouveia.

No último WCT, junto com Jihad Khodr, Pigmeu e Dyyan Neve disputou a 13ª bateria do Round 1, com vitória de Pig, que avançou direto para o terceiro.

No Round 3, venceu ninguém menos que Taylor Knox, que dispensa comentários. Venceu e com estilo. Knox virou a bateria faltando três minutos, mas Pig não se intimidou e deu o troco na onda seguinte.


“Abri a bateria bem, isso me deu bastante confiança. Demorei pra conseguir uma segunda onda boa, mas durante a bateria consegui me acertar e aumentar a diferença. Mas é Taylor Knox. Sabia que qualquer hora ele podia virar a bateria, e foi o que aconteceu. Anos de WCT, muito experiente. Sou fã do surf dele, ele arrebenta. Mas eu dei muita sorte, consegui fazer uma manobra muito forte e virar no fim.”


No Round seguinte bateu Dyyan Neve, mesmo ficando atrás durante mais da metade da bateria. Pigmeu consegue virar, com duas boas ondas e Dyyan não consegue acompanhar seu desempenho.


Arranca aplausos da torcida e garante mais um brasileiro nas quartas de final, ao lado de Léo Neves e Heitor Alves.

“Eu não comecei muito bem a bateria, tinha duas ondas fracas, em torno de três e pouco, e o Dyyan abriu com um 5 e pouco e ficou um pouco mais tranqüilo. No meio da bateria eu consegui virar, peguei uma onda boa, soltei duas manobras, fiz 7,67 e consegui igualar minha melhor nota com a melhor nota dele. Depois eu fiquei esperando um pouco mais e fiz uma nota 6 e pouco e ele não conseguiu outra onda boa. E foi acontecendo... O Dyyan ficou a bateria quase toda com a prioridade e acho que ele ficou escolhendo as ondas muito tempo. Eu fiquei mais no inside, tentando achar uma ou outra e consegui trocar as notas e obtive vantagem sobre ele.”


Ele comenta sobre a estratégia do surfista australiano:


“Ele ficou a bateria toda com o uso da prioridade, mas a gente manteve uma distancia, então ele não chegou a me atrapalhar muito. Talvez eu tenha atrapalhado ele... (risos). Na onda que eu fiz 6 e pouco, ele remou, ele tentou vir na onda... mas eu ignorei... assim, fingi que não vi e fui na onda. Tanto que fiquei com medo depois e olhei pra trás pra ver se ele vinha ou não... Me posicionei melhor, escolhendo as direitas, ele preferiu as esquerdas. Deu tudo certo.”
Na bateria seguinte Pigmeu não conseguiu avançar. Perdeu para o campeão Bede Durbidge. Mas fez muito bonito. Mostrou que não só está no nível da elite do surf mundial, mas que também briga com os caras de igual para igual. E adora a experiência.
“ Eu estou achando esse campeonato alucinante. O organização do evento está de parabéns, a Hang Loose está de parabéns, tem altas ondas na Praia da Vila. As ondas são bem volumosas... é uma característica dessa onda. A visão que as pessoas tem da praia é totalmente diferente ,as ondas tão bem maiores. Pena que não está sol hoje, mas nem tudo pode ser tão perfeito assim.(risos)”


Revivendo momentos de WCT:


“É alucinante, participar deste campeonato, estar entre os melhores 45 surfistas do mundo e é muito bom me classificar, ir passando as baterias. Em 2009 eu vou disputar o WQS e me focar 100% nesse campeonato. É bom vir sem nenhuma pressão, o surf rola mais tranqüilo...”
Sobre as ondas da Vila:


“Eu não surfo aqui, mas nas vezes que eu surfei deu pra eu aprender bastante sobre a onda. Tem aquela correnteza, jogando no canal... quando você está no meio ela te joga mais para a esquerda, pra manter a posição e pegar as direitas tem que ficar remando contra... umas coisas básicas da onda, mas que deu pra pegar uma manha.”


Foi o melhor resultado de Pigmeu depois que ele teve malária.


“Eu cheguei a correr umas etapas do WQS, mas não tinha ido tão bem quanto estou indo neste campeonato agora. Mas cheguei bem no Arpoador, fiz quartas(contra Simão Romão, que foi campeão), Ubatuba também... fiz umas baterias boas em Itajaí... Mas esse é o melhor evento pra mim. Eu estou bem, estou recuperado... é uma doença meio complicada, a qualquer momento a minha imunidade pode baixar, pegar um resfriado, coisa assim. A médica falou que a minha não ficou incubada, não foi crônica... espero que não. Mas eu estou bem tranqüilo, 100%.”


Pigmeu fala sobre os dois brasileiros que estão no WCT, Heitor Alves, Marco Polo e Léo Neves e sobre a permanência deles no Tour.


“Eu quero muito que os brasileiros continuem na disputa. O Heitor está precisando de pontos para se manter no WCT no próximo ano, tenho certeza que ele vai conseguir, que ele é um surfista de mutia garra. O Léo também, está na mesma situação, o Marco Polo... E eu espero que eles permaneçam bem e obtenham a pontuação que precisam pra se manter no Tour.”


Pigmeu comenta também a vitória antecipada de Kelly Slater:


“Kelly Salter é um fenômeno. Eu não tenho nem palavras pra dizer o quanto esse cara representa, o nível do surf dele é superior a de qualquer outro. Eu fiquei impressionado com uma sessão dele no Tahiti, era o WCT em Teahupoo, eu tive a oportunidade de estar no canal e fiquei observando... várias outra sessões também dele, que eu já vi em Pipeline, de Backdoor, de maneira absurda, bizarra... a maneira que ele surfa... ele é um fenômeno e tem muitas chances de conquistar seu 10º título mundial.”


Pigmeu é considerado filho no surf de Fabinho Gouveia, uma brincadeira feita pelos amigos surfistas. Filho de Fabinho, tem que ter estilo.


“Sem dúvida, né... (risos). O cara é o rei do estilo pra mim, sou fã dele. E com certeza me espelho no estilo do seu surf.”


E se continuar neste caminho ainda vai brilhar muito no WCT.

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